quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Desde Costa Rica, quase Brasil

Escritos mais confessionais, desta vez. Mas, foda-se, estou num momento de me expor, mesmo. Pode ser chato.

25.02.2008
Casulo.
Já levantei, já tomei café, já lavei roupa, mas sempre volto pra cama. Sensação de vazio e cheio ao mesmo tempo. Sensação de assombro com o poder da minha pecinha de teatro. Pessoas mexidas, perguntantes, expondo-se com coragem depois da minha exposição. Meu medo de estar chegando perto do que acredito. Mistura de vida e morte. Me sinto muito mulher. Como era aquele papo com o Dôdo sobre sentimentos exprimíveis ou não, sobre o conhecimento de um (uma) que pode ser compartilhado, ou não? Qual era a conclusão? Podemos compartilhar todo nosso conhecimento, de todas essas sensações? Parece, às vezes, que não. Me sinto só. Me sinto inteira no meu corpo e com medo do não poder (ou não necessitar) compartilhar. É forte. Me disseram coisas fortes, olho no olho. Me sinto responsável pela vida. Me sinto parte dessa parte da vida que se importa com o outro. Numa dessas noites, depois da peça, fui jantar com a Helena e a Marlen. Helena, com toda sua história (sua dança, sua arte, sua fuga da ditadura do Chile, sua postura de mãe – concentrado de vida), me fez lembrar porque estou hoje aqui, nesse mundo de dança e teatro. Sempre dancei, sempre fiz teatro, desde niña, mas nunca pensava em ser bailarina ou atriz. Não tinha esse sonho... Muito estranho. Foi bem depois, já no último ano da engenharia, que num curso com o Fernando Peixoto, um curso que era de direção teatral, que eu não sei como fui parar lá não me lembro, mas um curso que era muita conversa, ele contando sobre sua história no teatro. A sua história era a história do Brasil. Foi naquele momento que decidi que era isso que eu queria. Não faço história do Brasil, até porque depois de estar na Costa Rica, descobri que o Brasil é grande demais. Mas tenho a sensação de estar fazendo a minha história e... sem modéstia... a história de bastante gente. Dá medo.

26.02.2008
Percebo, pelos abraços, que a Costa Rica entrou em mim e eu nela. Quando cheguei pela primeira vez, no ano passado, era um aperto de mão, às vezes 1 beijo e “mucho gusto”. Agora tenho recebido cada abraço apertado... No último dia da oficina que eu e o Leandro demos pra alguns alunos de teatro e dança, uma das meninas se aproximou: “deixa eu te abraçar de novo, parece que não te abracei” ... “agora sim”.
Por esses abraços, pelas conversas sinceras, pelas confissões, pelas vozes frágeis que buscam o discurso preciso, pelo vinho que se comunga, pela música que se compartilha e pela vontade que temos de estar juntos, encontro nossa identidade. Nós, latino-americanos somos assim. Vejo notícia sobre o terrorismo norte-americano (eles não chamam assim, a manchete do jornal era mais ou menos assim: “matou 5 e se suicidou porque não tomou seus medicamentos”), jovens que compram balas, matam de punhado e depois e se matam. Parece falta de sentido. Parece “tanto faz”. Tenho raiva desse tanto faz com a vida, que pra mim é tão cara. E não se parece nada com a falta de perspectiva de nossos jovens que conhecem a violência desde cedo, ou cuja única perspectiva é mais violência. Corpo carne sem poesia. Corpo que no contato com outro corpo só produz medo. Mas não é medo de ser transformado, de afectar e ser afectado, é medo de não ser. Medo de morte. Mas não de morte etapa da vida, mas morte do nada. Pois, nós, latino-americanos, sim ia falar sobre o contrário da morte e sobre como encontramos sentido e cheguei justo onde não há. Consigo sempre me contradizer. Como fica difícil construir uma tese quando estás disposto a escutar, a observar, a perceber a percepção do outro.
A tese que ia construir é de que nós, latino-americanos, construímos sentido para nossas vidas nas relações que vamos construindo uns com os outros: amigos, família. Compartilhar momentos, coisas, linguagens, cheiros, sabores, achados, dores... basta. Frase que meu pai fala tanto e que o Caetano também canta: “é só isso!”

27.02.2008
O limbo devia ser mais ou menos isso. Nem lá nem cá. Tempo espesso, sons densos e o exponencial grosso de tudo isso quando refletido no estômago. Mais que o julgamento, dar-se conta do que passou. Dar-se o tempo para absorver toda a experiência e sofrer todas as dores e êxtases.
Uma vez meu pai me perguntou se em algum momento da minha vida eu teria pensado “agora eu poderia morrer”. Pergunta difícil, buscando a minha verdade. Meu pai tem um truque que faz a gente respirar, e ser sincero: depois da resposta automática diante da saudação “Tudo dem?”, “Ele olha e pergunta: de verdade?”. Hehe. Eu já desmascarei o truque, mas faço de conta que esqueço pra que continue funcionando. Então, depois da tal pergunta sobre o morrer... respirei... e meu peito lembrou-se de momentos em que não cabia em mim, em que o tórax ficava pequeno e ele se transbordava pros membros, até quase os pés saírem do chão. Momentos a mim proporcionados pelo teatro. Momentos de extrema comunhão, nos quais eu não era uma só. Nunca perdi filho, meus contatos com a morte sempre foram no gozo.
Agora, aqui, nesse limbo ensolarado, coloco meu peito no sol, pra perder a marca do biquíni e ensolarar a alma. Quero perder a alvisse, expor minha carne negra, meu sangue índio, que me permitem, antes de julgar, admirar.
E viva o teatro e a dança! Que fazem esse corpo mexer-se e fazem todos esses sofridos idos se movimentarem, se revolucionarem. Meus músculos, coitados, sem paz, vivem essa revolução diária. Num tempo em que se fala tanto em paz, eu aqui, pregando a (re)volta em mim mesma. A guerra em si mesmo. O fim da pasmacera. O corpo cansado de pelear na busca do outro corpo encontra sossego.
Sossego: 1. sujeito só; 2. descanso da guerra de si mesmo.
Meu eu sossego quer pelo menos mais um. Sossego em dois, só em dois. Descanso pra nova luta, pra nova busca, sem paz. A paz me soa morte.
Por que em dias de sol não consigo ficar dentro? Como nossa casa tinha um pátio grande, em dias de sol se podia estudar em baixo da árvore. Se estou dentro, em dias de sol, fica aquela sensação na orelha de que estou perdendo algo. Sensação de falta. Talvez o útero da minha mãe fosse muito iluminado. Ainda é.
Telefonema da Mayra, que, com o carinho de seus errres bem pronunciados, me conta que “embora criticamos este periódico, tua peça será conhecida em toda Costa Rrrrica. Adélias, Marias, Frrrranciscas. O título é Poética do Cotidiano”. A ponta da língua como a metralhadora que não usou na sua revolução pela poesia.
Eu queria ter escrito sobre a eclipse lunar. Mas o Dionísio nos leu seu poema-canção tão forte, que fiquei com vergonha. Saiu uma foto linda na capa do periódico no dia seguinte. Alguns disseram que ela ficou vermelha. Mentira. Eu vi uma Lua marrom. Não era Flicts, era Terra. O jornal vendeu todinho nesse dia. Todos queriam guardar a Lua escondida no escuro da nossa sombra. Isso tira a gente do chão. Seres vooíferos. Com pés fincados, com medo de mais. Nessa altura, a briga por um pedaço de terra me parece irônica. Mas mata. Nossos “levantados do chão”, diz Saramago, canta Chico. Seres v(o)oláteis, matéria dispersa, que busca um chão pra condensar e produzir.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

BOLSAS PARA OFICINA DO DEPÓSITO


Crítica de danza: Poética de lo cotidiano

Mezcla: La puesta de María Falkembach conjuga varias expresiones de autores brasileños
Marta Ávila mavila21@gmail.com

Actuación. La actriz y bailarina brasileña María Falkembach retrató situaciones que viven muchas mujeres en toda América Latina. Carlos León


Desde Brasil llegó la propuesta del grupo Depósito de Teatro titulada Adelias, Marías, Franciscas… , que fue interpretada por la actriz y bailarina María Falkembach.
Esta puesta en escena está inspirada en varios textos de la poetisa Luzia Adelia Prado (1935), quien es oriunda de Divinópolis, Minas Gerais, Brasil.

Los poemas fueron utilizados por Falkenbach para construir una dramaturgia fundamentada en la combinación de la corporeidad y la palabra. Movimiento corporal y voz se fundieron para dar ritmo a la obra, de casi una hora de duración.

En la poesía de Prado se puede ver la presencia de lo cotidiano, la religiosidad y el erotismo en constante diálogo.
La escritura de Prado muestra un juego entre los aspectos de la vida de la gente común redimensionados hasta ser llevados a lo sublime, para luego caer en lo sórdido.
Estas palabras le permitieron a Falkenbach crear imágenes que recuerdan el gozo de la sensualidad y la necesidad del ser humano, de apoyarse en la espiritualidad.
La estructura de la obra no intenta una narración lineal: son varios fragmentos de diferentes duraciones, mediante los cuales los personajes expresan su sentir sobre Dios, la muerte, los miedos, el erotismo y la educación.
Esas mujeres ( Adelias, Marías, Franciscas... y muchas más) hablaron de sus hijos, de su condición social, de sus dolores, soledad y frustraciones.
De esta forma, la visión de la dramaturga, la poetisa y la intérprete coincidieron en presentar un mundo de gran complejidad por las fuertes contradicciones entre lo humano y lo divino.
Para la puesta, Falkenbach utilizó los recursos plásticos de los lenguajes de la danza contemporánea combinados con el teatro. Con estos elementos emergieron diferentes perfiles de mujeres que se enfrentan a situaciones cotidianas teñidas de intimidad.
En su interpretación, María Falkenbach fue convincente y dio contraste a los esbozos de las personalidades.
El guión musical estuvo constituido por creaciones de varios compositores brasileños como Hermeto Pascoal, Tom Zé, Marcello Lessa, Elomar, entre otros.
En los aspectos visuales de la obra, Bibiana Coronel contribuyó con la escenografía sugerente (un telón blanco hecho de retazos con emblemas femeninos) y un vestuario austero. Las luces del espectáculo resultaron demasiado simples. Estas pudieron ser más dinámicas y así haber podido dotar a la puesta de ambientes disímiles.
El público que llenó el auditorio universitario pudo seguir los textos de Prado, reproducidos en el programa de mano, traducidos al español por Mayra Jiménez.
Adelias, Marías, Franciscas… es un espectáculo redondo que entretiene y hace pensar sin derroche de recursos.


Adelias, Marías, Franciscas…
Depósito de Teatro (Brasil) .
Dramaturgia e interpretación: María Falkembach.
Fecha: Domingo 24 de febrero de 2008, 5 p. m.
Lugar: Teatro Atahualpa del Cioppo , Heredia.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Matéria "Adélias, Marias, Franciscas..." no periódico La Nación


Creación se inspiró en textos de la poeta Adelia Prado
Una mujer de varios personajes
Personal La actriz y profesora brasileña María Falkembach presenta la obra Adelias, Marías, Franciscas... , en Heredia
Melvin Molina mmolina@nacion.com

La obra surge a partir de textos de la poeta brasileña Adelia Prado. Se estrenó en el año 2002 como parte del Depósito de Teatro de Brasil, agrupación teatral a la que pertenece la actriz y profesora.
En la obra, la mujer es protagonista. Ella es el centro de todo y cada personaje va descubriendo muchas de las maravillas que tiene la vida misma, a pesar de lo contradictoria que resulta en ocasiones.
De pronto, aparece un personaje que necesita ayuda para cubrir su cuerpo y el del hijo que espera. También se ve a otra mujer que encuentra que el placer sexual y el dolor son casi lo mismo para ella.
Luego de presentarla en unas 100 ocasiones, la experiencia le dice a Falkembach que sí hay una reflexión que el público capta al ver la puesta en escena.
De sus públicos, es en las mujeres en las que su trabajo causa mayor impacto. La razón es que las hace plantearse cuestionamientos como ¿qué estoy haciendo con mi vida?, entre otros
Límites en escena. La obra surgió a partir de una investigación que hizo a inicios de este siglo en torno al teatro y la danza.
Ella buscaba responder para sí misma preguntas que tenían que ver con los límites entre el teatro y la danza.
“Cuando trabajaba con teatro me parecía que era danza, cuando hacía danza me terminaba pareciendo teatro. Por eso, trabajé en los límites entre el teatro y la danza”, detalló la actriz brasileña.
El resultado de esa investigación es una propuesta que deja de llamarse teatro o danza, para pasar a ser acciones dramáticas. En ocasiones se actúa, en otras se baila.
La creación del texto mismo fue parte de esa investigación. María Falkembach tomó muchas de las poesías de Adelia Prado y las fue uniendo hasta dar forma a un texto completo que le funcionara.
Le interesó mucho la forma en que la poetisa trataba temas como la relación con Dios de una manera muy confesional; es Prado misma la que se muestra a través de sus rimas y sus prosas. “Para ella, Dios está en todo, en la exaltación a la vida, en la gente sencilla y todo se torna muy bello y maravilloso”, añadió.
El fin de semana será la primera vez que la obra se presente fuera de Brasil. La actriz la interpretará en su idioma original para no perder la belleza del portugués en verso, pero con una traducción del texto al castellano para que el público lo entienda por completo.
Su grupo. El Depósito de Teatro de Brasil es una agrupación radicada en la ciudad de Porto Alegre. Tiene 12 años de trabajo.
Los ocho miembros actuales trabajan desde su sede en la formación teatral.
También buscan desarrollar nuevos lenguajes escénicos para sus obras. Les resulta igualmente importante llevar su trabajo a lugares donde la pobreza impera.

Monólogo
Obra: Adelias, Marías, Franciscas...
Dónde: Teatro Atahualpa del Cioppo, en la UNA, Heredia.
Cuándo: Viernes y sábado, a las 7 p. m., y domingo, a 5 p. m.
Entradas: ¢1500 (general).

Investigación
Propuesta de dos países
Ganadores. María Falkembach está en el país para trabajar en la etapa final de montaje de la obra Penélope Bloom , proyecto ganador de un premio en Brasil y que cuenta con la participación de los actores nacionales Gerardo Bejarano y Vicky Montero.
Propuesta. La obra explora en la construcción de nuevos lenguajes escénicos. Usa el último capítulo de la novela Ulises , de James Joyce, como punto de partida. El montaje se estrenará el 7 de abril en Porto Alegre, Brasil, y en setiembre próximo en Costa Rica.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Adèlias, Marias, Franciscas... desde Brasil, na Costa Rica


Clica em cima pra ver a imagem Información De Las Funciones:
Viernes 22 , sįbado 23 de febrero, 7 pm
Domingo 24 de febrero 5 pm
Teatro Atahualpa del Cioppo

Info. 277-3386 / 399-3690

Dirección: UNA, CIDEA, de Burger King 800 m noreste, Diagonal a Musmanni

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

OFICINAS DO NÚCLEO DE FORMAÇÃO DE ATORES DO DEPÓSITO DE TEATRO

1. DRAMATURGIA DO CORPO
Esta oficina é parte do treinamento dos atores do Depósito de Teatro. Serão abertas algumas vagas para pessoas que já tem alguma experiência em teatro, que buscam aprofundar seu trabalho como ator criador da cena. Promove experiências para o desenvolvimento de percepções e de auto-conhecimento, e vivências para a ampliação das possibilidades de movimentos, de voz e de configuração (criação da dramaturgia do corpo).

Ministrante: Maria Falkembach (atriz do Depósito e Mestre em Teatro)

Início: 12 DE MARÇO
Quartas-feiras, das 19h30' às 22h30'
Preço: R$ 100, 00 mensais.


2. OFICINA DE FORMAÇÃO DO ATOR – 2008 (MÓDULO BÁSICO, MÓDULO 2 e MONTAGEM).
Oficina de 1 ano que proporciona ao aluno desde as técnicas básicas e elementares para a formação do ator (jogo, improvisação, expressão corporal e vocal, interpretação e o movimento no espaço cênico) até a montagem e apresentações de um espetáculo. A oficina oferece ao aluno uma base substancial para desenvolver sua capacidade criativa, sua visão do teatro e do mundo, e suas possibilidades expressivas.
Ministrantes: Roberto Oliveira (diretor do Depósito), Sandra Possani, Daniel Colin e Plínio Marcos Rodrigues (atores do Depósito).

INÍCIO: 11 DE MARÇO.
Terças e quintas, das 19h30' às 22h30'
Preço: R$ 180,00 mensais (o mesmo preço do 2007), sem taxa de inscrição ou matrícula.


INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:
51 3061.5251 * 51 8401.5251
http://www.depositodeteatro.com.br/
depositodeteatro@terra.com.br
Rua Câncio Gomes, 218 – Floresta

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

De Costa Rica - Centro América 2

Sigo com meus escritos que quero compartilhar com vocês. Não consigo escrever assim, só pra mim mesma. Tem um conto Livro dos Abraços do Galeano no qual um guri, no alto da montanha, pede pro pai ajudá-lo a olhar. Nossa necessidade de compartilhar o belo, o novo, ou o comum mesmo. Então, tento abraçá-los me compartilhando assim:

04.02.08
Dani, talvez este sonho seja preenchido daquilo que já li e já suguei do Saramago, esse hijodeputa, que não deixa espaço para aqueles rasgos de romantismos aos quais estamos (coloco no plural pra falar de mim, pra disfarçar minha auto-condenação) acostumados, o melodramático que enfeita a vida e faz crer que ela é um pouco mais do que carne. E talvez tu tenhas razão, aqueles escritos de além-mar muito devem ter contribuído para minhas tentativas de amadurecer: virar alimento, apodrecer, misturar-se, mover-se, feder, incomodar. Como encontrar o sentido na vida mesma, nessa trança de momentos (para não dizer corpos) em apodrecimento?
Agora chove aqui uma chuva de outro lugar. Quem traz é o vento. E esse monte de verde se embebe dos restos que o vento traz. Soa piegas pra caralho... tenho que parar o pensamento pra fazer uma denúncia: no dicionário do word não tem caralho! ... soa piegas pra caralho, mas são esses restos que fazem o arco-íris possível. Eu vi. Nada de melo. Todas as cores ali, um arco perfeito. Igual aqueles que eu nunca vi mas que desenhei porque era modelo de paisagem.

1.
Vida que se afirma
caligrafia dinâmica
firma impressa em bruto ferro
Marcas com brasa sobrepostas na mesma pele
Firmamos nossos nomes
Meu nome que me dão todos os dias
Fu(n)didos os humns ahãaams aiaiais
Arde
Se firma
Fome

2.
Ruído

Rruiiim
No meu ouvido


07.02.08
Viva os rastros que vamos deixando por aí! Lindo ler nas tuas entrelinhas, Carol, o mosaico de cacos que criamos, com estilhaços uns dos outros. Cacos para um Vitral é um livro da Adélia Prado. Essa idéia do vitral, do mosaico transparente também é cheia de metáforas. As igrejas daqui da Costa Rica são cheias de vitrais. São lindas, coloridas. E o piso parece um mosaico de lajotas. E são muito diferentes das nossas brasileiras, pesadas, nas quais o sangue escravo se mistura com algo transcendente. Eu sempre tenho a sensação de que as nossas igrejas são as mais lindas (embora o sangue, a dor desnecessária, o banzo) e que todas as outras queriam ser iguais a elas. Num dia desses descobri que o barroco está em mim. Hehe, num dia sou romântica, no outro sou barroca.
Traços barrocos ao compor esse mosaico de mim. Sublime e grotesco. Por isso sinto as palavras de Adélia tão aqui, nas voltas da minha costela.
E ontem fomos ao Museu do Ouro. O sangue índio. Cada peça daquelas, maravilhas... sei lá quantos minutos de silêncio são necessários. Tudo desapareceu depois dos espanhóis. Por que não havia mais sentido, dizia uma das plaquinhas explicativas. Definitivamente não precisava ser assim. Genocídio. Muitas das obras são para seus rituais de cura, de nascimento, de morte. Está ali o sagrado também. E sem intermediação de padres que querem anjos gordinhos tocando trombetas. Mas, diferente das nossas igrejas, no museu está tudo maquiado, muito longe do seu lugar, com muita maquete e explicação pra fazer gringo e europeu entender. Talvez porque meu mosaico tenha índio, negro e branco, me desmontei um pouco. Essa frase que estava tão pequenininha ficou batendo aqui: porque não tinha mais sentido.
Um caco leva ao outro.
Em Cahuita, um povoado na beira de uma reserva ecológica, na beira do Mar do Caribe, conhecemos Ferguson, 88 anos, quase cego: não quer mais tocar o Calypso porque está triste e pra ele cantar é viver sua alegria. Ele tem vários convites pra gravar disco e fazer show. Ele diz que não. E eu, inconformada digo: mas suas músicas vão se perder. E ele diz: si, se perderán. E parece que isso é algo natural pra ele. É um pouco duro me convencer de que sim, sou parte desta sociedade do consumo, da informação, que não admite que algo não seja acessível. Talvez pela moda do resgate da cultura e da arte tradicional, ou por ainda viver no tempo em que se busca uma identidade no passado. Gosto do passado. Gosto de saber que aquilo que sei e que sou são cacos do antes, dos (antes)passados. Mas não há como resgatar os sentidos de certos cacos. A música de Ferguson, El Rei del Calypso, é ele. Cheguei tarde e não vi sua alegria. Ele tem dois discos, que compramos e que estão autografados com sua letra triste. Foram gravados a pouco tempo, tem um agradecimento no disco para uma clínica de oftalmologia. Mas foi divino tomar café da manhã ouvindo ele contar, na sua língua também feita de cacos (Limón, uma das províncias de Costa Rica, é bilíngüe: se fala inglês e espanhol), como era bom matador de passarinho, mesmo proibido por sua mãe, como conseguiu seu primeiro violão e como fugia pra tocar nos bares. Preciosidades. Ah! E este lugar também está preparado pra receber gringos e europeus, cegos, eles, pra música de Ferguson, coitados.

Minha tia, tantos sapos! E sapos em ouro! A tua cara.
A saudade é algo incrível. Talvez meu pai possa explicar como a falta da terra-mãe. De um “útero” onde nos entendemos, onde sei me virar, onde os sons me confortam, onde a cor da gente e modo de caminhar (lê-se: modo de rebolar) me fazem dançar assim como danço. E também a falta do conviver, do participar desses sons e colocar meus pedacinhos nesse mosaico rebolante, nesse colo que nos embala com as cadeiras. E aí é foda (não tem foda no dicionário do Word!!!!). É foda a falta das preciosidades que a gente tem entre a gente e só a gente entende. Como assim, no dia em que a Joana cheirou meu braço e disse: tem cheiro da casa da Ia. Nossa! Quero sempre isso, essa mistura de carne, lugar e palavra.
08.02.08
Tenho pena dos tantos que não participam dos momentos de ensaio, de criação... as pérolas, pepitas, preciosidades que vivemos. Ontem tive a oportunidade de, mais uma vez, viver a alegria de ser humana, de admirar nossa possibilidade de/da arte. Foi num taller para professores do curso de Teatro da UNA. Un honor! Construíram com seus corpos coisas impossíveis. Adoro essa idéia de que a arte torna o impossível, o impensável, possível e pensável. E, mesmo assim, fazendo tanto, sempre se chega num ponto e... a paixão é tanta... é tão entranhas... que só resta a uno recolherse a si mismo y llorar o escuchar su corazón. Tun tun, tun tun. E voltamos baratinados buscando uma ação, um gesto, pelo-amor-de-Deus algo para expressar ISSO.

Viva Laura! Ainda bem que não entendo como as pessoas escolhem algumas profissões. Como dentista, por exemplo. Deve haver alguma coisa de sublime aí que não alcanço. Entendo a importância de uma boca saudável ou bela, embora o falar do nosso povo desdentado soe tão familiar, mas não entendo a escolha. Embora o riso desdentado pareça tão ingênuo, entendo a vergonha gerando submissão, entendo as relações de poder implícitas no número de dentes. Começo a entender a escolha. Desviei meu raciocínio. Eu ia em direção ao psicólogo e ao ator. À psicóloga e à atriz. À escolha da Laura. Pensava que entendia o porque de nossas escolhas. Que medo de, nesse desvio, me perder e dês-entender. Às vezes me parece que ser atriz é um presente muito grande que ganhei do mundo, do Brasil, dos meus pais, de cada pessoa. Tenho passado a vida promovendo eventos para me entender melhor para produzir melhor com essa matéria que sou eu mesma. De personagem à personagem, situação à situação, o que faço é sacar de mim mais de mim. Parece que psicólogos também se gastam em querer entender-se ao entender os outros. De paciente à paciente, um canto de si que se revela. É assim? Devia ser. A diferença é que nós, atrizes, expomos esse nosso entender-se. O psicólogo fica ali no silêncio e faz do seu corpo um espaço cênico neutro, talvez o corpo-expressão mais aberto (vide obra-aberta dos semiólogos), onde o paciente cria tudo, significa tudo. O psicólogo é o personagem que cada paciente cria. E este se transforma a partir de sua própria criação, da leitura que faz de si nesse corpo em branco que acolhe sem preconceitos tantas imagens impossíveis. E aí? É assim?

Nesse momento o Leandro está ensaiando com um quarteto de fagotes, de uma professora da UCR. Vai ter fagote na trilha da Penélope. Estamos num ponto difícil dos ensaios: encaixar o meu corpo com o da Vicky – duas linguagens muito diferentes. Como fazer pra produzir coerência, a mesma lógica que tece um mesmo discurso? Sinto falta do modo Depósito de Teatro de entrar num ensaio. Por outro lado é experiência de me construir sem os hábitos. Tenho me alimentado muito da leitura. Sim!!! Estou lendo Ulysses inteirinho!! Ali tem imagens imagináveis de sobra pro corpo se inspirar.

Ah! Não posso deixar de contar do Pôr-do-Sol daqui. Uma tarefa difícil para uma portoalegrense (18 anos já) que sou. Sim, o Pôr-do-Sol no Guaíba é fantástico (vide as fotos que o Kiran tirou da última Farra. Gentes, quem não viu vale a pena conferir – http://picasaweb.google.com.br/kiranfoto/Farra_nov2007 ), mas a bola vermelha que colore todo o céu de rosas e alaranjados... é de ficar assim... de boca aberta, só olhando.
São dez horas da manhã, mas gostei da idéia de acabar essa carta imensa com o Pôr-do-Sol.
Beijos e abraços com todos esses matizes de saudade,
Maria.

De Costa Rica - Centro América 1

San Luis de Santo Domingo, 18 de janeiro de 08


Estou vivendo agora uma outra Costa Rica. Assim como tantos eus dentro de mim mesma, vários países neste aqui tão pequeno (o Rio Grande do Sul é maior que a Costa Rica e El Salvador juntos). E dentro de cada um desses, outras possibilidades para o que cada eu quer inventar. O fato de estar numa casa com pátio grande e lareira me faz retornar muito à infância, aos tempos de Ijuí. Talvez o silêncio ajude. E o som dos animais: muito passarinho, cantos diferentes em horários diferentes, e os galos na sua rotina de nos acordar. Mas também tem animais fora de sua natureza: porcos que gritam de dentro de suas cocheiras quando homens vêm alimentá-los ou quando meninos vêm fazer arte, tudo isso faz parte da minha paisagem. E também cachorros domesticados e dependentes. Não há mais natureza em nós, só nos resta admirá-la ou assombramirá-la. Aqui me assustam os insetos que se auto-consomem. Fora os mosquitos há de tudo. E se, depois de um grito agudo, vários espasmos de nojo, mas com uma determinação espantosa, que me faz transcender meu instinto feminino, consigo matar uma barata, e a deixo ali, porque daí é demais ter que colocar aquela coisa gosmenta e achatada no lixo, em seguida não há mais barata, talvez uma pata, uma antena ou uma asa, as queridas formigas dão contado recado. Tudo isso mais o mundo das palavras têm me possibilitado sonhar muito. Agora, por exemplo, o Leandro foi dar uma entrevista em uma rádio e posso ficar aqui no silêncio e nas palavras. Ah, sim, porque quando ele está chegam com ele muitos sons, que muitas vezes desviam a cadeia das palavras e atrapalham a materialização das sensações desconhecidas e inexplicáveis que fazem o diálogo entre os sonhos e essa totalidade que vivo aqui. Se aqui consigo ficar só e em mim, nos meus sonhos há super população. Nesta noite foi demais, tanta gente e festa e aula e prova e conversa, família, amigos, colegas, todos de antes e de mais antes ainda. Mas quero contar é o sonho de ontem. Mas antes quero repetir uma frase do livro infantil do Donaldo... talvez o fato de eu estar lendo livro para crianças – ontem também li um livro de poesias escrito por crianças com câncer, mas isso é outra história que conto depois - contribui para esses meus retornos ao passado... O “Finnício Rioven”, do Donaldo, é uma transcriação de Joyce para crianças, ou pra qualquer um que gosta de palavras, estou achando uma delícia e estou louca pra ler com a Joana. A tal frase é: “Idéias saem de uma língua, dão um giro por outras línguas e voltam muito mais ricas”. Acho que é muito isso que vivo hoje, transcriando uma obra Irlandesa na Costa Rica.
Então, o sonho de ontem:
De repente, com muita força, assustadoramente, chegou quebrando tudo. Nuvens amarelas quebravam-se no céu. Da cor e com a mesma força do Rio Sucio. Como algo sobrenatural que vinha arrastando tudo, uma correnteza de nuvens amarelas que vinham ocupando e estilhaçando o céu. Sons de estilhaços e terror. Todos fugíamos corríamos sem onde esconder-se porque os vidros explodiam com o vento que a correnteza de nuvens produzia. Até que alguém disse que devíamos nos abrigar em lojas. Entrei na primeira e me escondi com mais uma pessoa e o vendedor atrás do balcão de madeira. A vitrine do balcão explodiu, se estilhaçou. E as nuvens passaram e tudo se acalmou. Mas algo havia acontecido. Ninguém sabia o que era. A sensação e a visão do céu amarelo que se movia e se quebrava ficou. Ficou no ar, ficou... ficou em todos. E uma sensação de que algo havia mudado... a sensação no ar... a sensação em todos... de que algo havia mudado... Mas ninguém sabia explicar, era pura sensação. Tudo estava diferente, mas tudo era igual. E não eram os vidros quebrados. As pessoas foram pra rua. Sentadas em frente de suas casas, nas pracinhas, na grama, se olhavam, conversavam, e não entendiam o que estava diferente. Passei dando macarrão pros cachorros que tinham fome e as pessoas, sentadas em frente de suas casas e nas pracinhas e na grama, diziam que os cachorros não comiam desde que o céu ficou amarelo e se quebrou. E então os cachorros comeram, talvez não tivessem comido porque ninguém lembrou-se de dar comida a eles, tão preocupadas e ocupadas que estavam em entender o que havia mudado, compreender aquela sensação. Mas era necessário arrumar a bagunça e carregar de volta pro escritório do meu pai as cadeiras que tinham voado pelas janelas estilhaçadas e que foram arrastadas pelo vento e que também quebraram vidros. E me pediram pra que eu recolhesse as cadeiras que estavam pela rua, talvez perdidas. E fui. E encontrei uma cadeira. E quando cheguei com esta cadeira de volta no escritório estremeci com o que vi. Era assustadora a compreensão do que havia mudado. Tudo ficou esclarecido, entendi aquela sensação inexplicável que todos compartilhávamos: quando cheguei no escritório, chegaram, ao mesmo tempo que eu, mais três eus, cada uma carregando um pedaço de cadeira. E essas quatro eus nos olhamos e compreendemos e eu fui correndo contar e explicar a todos o que havia acontecido e qual era aquela sensação que ninguém conhecia: quando o céu se partiu, quebrou-se, ele também nos despedaçou. Passamos a ser vários estilhaços de nós mesmos. Cada um se dividiu em vários eus, como se tivéssemos quebrado, mas cada pedaço de nós era autônomo e continha a sensação do todo, tanto que não percebíamos nem enxergávamos que estávamos divididos, partidos repartidos. Não era como o “Visconde Partido ao Meio” porque não havia dicotomia nem corte físico. Era uma divisão no ser. Contei isso para algumas pessoas e sim, todos entendiam que ninguém sabia explicar era a sensação disso: havíamos sido quebrados, vivíamos com nossos pedaços separados, os pedaços não se encontravam e estávamos vivendo simultaneamente através de diferentes eus, mas cada pedaço tinha a sensação do todo e por isso sentíamos aquilo que não sabíamos explicar.
E bota sonho doido. Mas tem muito a ver com tudo o que tenho vivido e também com a peça que estamos construindo: uma personagem feita por duas atrizes, onde cada uma de nós constrói faces dela e o público vai montando a unidade, a totalidade de Molly Bloom.
E por falar na peça, ontem recebemos uma carta (decreto, sei lá o que é) assinada pelo Presidente da Costa Rica, o Prêmio Nobel da Paz (vejam só) Sr. Oscar Arias Sánchez – e pela Ministra de Cultura e Juventud -, declarando de Interesse Cultural o projeto “Penélope Bloom”. Ainda não sei exatamente o que isso significa em termos práticos e na viabilização do projeto (leia-se em termos de grana), mas é muito chique!
A casa maravilhosa na qual estamos, que tem até um estúdio em cima onde estamos ensaiando, é da Maira: uma senhora de boina, poetiza e professora aposentada, que vive na casa ao lado e que nos deu de presente pó de café e o tal livro de poesias escritas por crianças nicaragüenses com câncer. Parece triste, mas é lindo, é a construção da metáfora, a brincadeira com palavras e a materialização do pensamento daquelas crianças. Pra explicar: esse livro é fruto de uma oficina de poesias coordenada pelo poeta Ernesto Cardenal, que foi Ministro da Cultura da Nicarágua durante a revolução. Aí está: Maira foi guerrilheira e foi a coordenadora de todas as oficinas de poesia que faziam por todo o país, com crianças e com adultos. É claro que lembrei de um livro de contos sobre a revolução da Nicarágua que minha mãe nos deu quando éramos criança e no qual havia um relato que me deixou, criança, comovida-entusiasmada-encantada: a batalha que um grupo de crianças de uma aldeia (onde só haviam crianças e mulheres pois os homens estavam todos fora, na guerrilha) venceu, apenas com bombinhas e panelas que faziam sons de metralhadora.Gosto de imaginar que talvez estas crianças tenham participado dessas oficinas... o mundo dando voltas. E minha colega Vicky, o lado outro da Molly, naquela época também viveu quatro anos na Nicarágua trabalhando com as oficinas de arte. Com este povo que acabei me metendo. Muito familiar.
Agora a fome começou a apertar. Então, o jeito é fazer comida. Aqui a comida é bem mais cara que no Brasil.
Todos merecem um tempo assim com espaços vazios para todas essas imagens surgirem. O relógio determina nossa imaginação e nosso pensamento. Acordar com o sol e dormir com as estrelas provoca outro metabolismo de imagens. Aí a gente pode criar o tempo, a cadência, o ritmo, as durações, aqui no texto, ou na canção, ou na ação cênica.
A Costa Rica é linda, tem muita mata, mas também é simples, não tem calçada, é assustada, tem muitas grades, tem gente maravilhosa e gente grossa, tem um rio amarelo que se encontra com um rio verde, tem um mercado público que vende peixe, ervas, frutas, flores e gallopinto (mexido de arroz com feijão) e casado (prato feito), tem um teatro nacional chiquérrimo da época dos senhores de café, tem um café delicioso, tem plantação de café em todo canto, e tem muito mais coisa que eu ainda não conheci, mas a Costa Rica é isso tudo o que estou sentindo também.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Dramaturgia del Cuerpo – El actor criador de la escena

Tenho pena dos tantos que não participam dos momentos de ensaio, de criação... as pérolas, pepitas, preciosidades que vivemos. Ontem tive a oportunidade de, mais uma vez, viver a alegria de ser humana, de admirar nossa possibilidade de/da arte. Foi no taller para professores do curso de Teatro da UNA. Un honor! Construíram com seus corpos coisas impossíveis. Adoro essa idéia de que a arte torna o impossível, o impensável, possível e pensável. E, mesmo assim, fazendo tanto, sempre se chega num ponto e... a paixão é tanta... é tão entranhas... que só resta a uno recolherse a si mismo y llorar o escuchar su corazón. Tun tun, tun tun. E voltamos baratinados buscando uma ação, um gesto, pelo-amor-de-Deus algo para expressar ISSO. Obrigada Arnoldo, Gian Carlo y Marco por el día de ayer.

Trata-se do curso Dramaturgia del Cuerpo – El actor criador de la escena, para los profesores de la Escuela de Teatro de la Universidad Nacional de Costa Rica.

Descripción
La propuesta del curso es promover una experiencia teórico-práctica para analizar y entender los principios específicos de configuración de la dramaturgia del cuerpo.
A partir del conocimiento de tales principios, el actor tendrá elementos para construir una cena cuyo principal elemento de significación es el cuerpo escénico.
O curso todavía propone investigar el procedimiento de composición de otras artes como una manera de ampliación de las posibilidades de creación de lenguajes del actor.