terça-feira, 10 de outubro de 2023

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INSERVÍVEIS - mostra de processo

No dia 23/08/2023 o Grupo Tatá apresentou duas cenas do seu novo trabalho, dirigido por Maria Falkembach.

A apresentação foi parte da mostra artística do I Congresso de Projetos Unificados do Centro de Artes da UFPEL (UNIFICA).

Inservíveis busca revelar o processo de objetificação das pessoas que constitui os discursos machista, racista, etarista - que classifica como "tudo aquilo que não presta", o diferente. Para chegar a isso, a montagem faz um paralelo entre os objetos produzidos pela sociedade neo-capitalista (objetos com obsolescência programada) e as pessoas: as mulheres, idosos, artistas, professores, negros/as, pessoas com sexualidade não normativa, deficientes e pobres.

Buscamos afirmar a arte, a brincadeira e a educação


Buscamos afirmar a arte, a brincadeira e a educação como dimensões inúteis, porém fundamentais, da vida.

A obra e inspira nos processos burocráticos de desfazimento de bens inservíveis de instituições públicas e brinca com as metáforas que esses procedimentos nos permitem criar. Um memorando sobre encaminhamentos é transformado em canção estilo samba enredo que instala uma cena alegórica, em que pessoas e cadeiras são descartadas e se auto-descartam - numa coreografia no estilo comissão de frente de escola de samba.




Dois objetos são elementos trabalhados para construção de movimento e imagens cênicas: a cuia de chimarrão e a cadeira de praia.



Uma imagem recorrente no trabalho é a roda de chimarrão, gesto e ritual ancestral indígena que é parte do nosso cotidiano, ainda hoje. Entendemos que esse momento nos aproxima, cotidianamente, de traços do que Krenak afirma sobre a inutilidade da vida. Assim, o trabalho busca se demorar na construção da roda de chimarrão e as possíveis relações que ela denota.



Quem chega em Pelotas, logo começa a identificar as cadeiras de praia na frente das portas das casas, nas calçadas, na beira da Lagoa dos Patos, nas praças, em baixo de uma árvore, ou até mesmo na beira da avenida. As pessoas sentadas, às vezes em duplas, às vezes em grupo, às vezes sós, geralmente estão acompanhadas do chimarrão. Assim, a obra também faz referência a elementos marcantes na cultura cotidiana da cidade.

A preparação corporal é formada por diferentes práticas: yoga, capoeira, samba e brincadeiras. A prática de yoga evoca no corpo o desafio de “apenas parar” e entender as sensações que esse estado causa no corpo.



A ideia de explorar elementos do samba e da capoeira, remete ao Decreto nº 847de 1890 - Dos Vadios e Capoeiras”, que proibiu a prática de capoeira e criminalizava homens negros. Assumimos e invertemos o sentido do termo vadiagem, para exaltar os vadios e trazer, além da roda de chimarrão, a roda da capoeira. O samba no pé e o samba de salão ajuda a recordar a figura do malandro, que contrastava com a idealização de “homem trabalhador" da sua época.



A brincadeira, que contrasta com as ações e atitudes de uma vida adulta, propõe estado de jogo e uma atmosfera divertida para o trabalho.

A trilha sonora vem sendo criada no processo e é realizada ao vivo. Partimos de canções, ladainhas de capoeira e samba.