segunda-feira, 30 de junho de 2008

Alunos da Monte Cristo assistem Penélope Bloom


No dia 03 de junho, no Teatro Renascença, alguns alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Monte Cristo, foram assistir o espetáculo Penélope Bloom. Eram todos estudantes das etapas finais da Educação de Jovens e Adultos (EJA), turmas T4, T5 e T6, sob responsabilidade do professor Mateus Gonçalves. Importante falar que o Mateus foi meu colega na faculdade e que atuamos juntos da peça Agora é Festa (escrita por mim em 1997). Mas mais importante é falar na seriedade que o Mateus conduz o trabalho teatral no colégio e no empenho dele em ampliar o espaço para o conhecimento artístico dos alunos.
Duas semanas depois da apresentação, fui à Escola Monte Cristo conversar com os alunos. E encontrei um grupo atento e entusiasmado para saber mais. Haviam elaborado perguntas, em grupo, depois de terem conversado e escrito sobre suas impressões, percepções.
E me fizeram muitas perguntas sobre o fazer teatral, sobre aquele espetáculo que não contava uma historinha com começo, meio e fim.
E então o teatro ainda tem sentido.
Pedi permissão para colocar no blog alguns escritos de alguns dos alunos. E o professor Mateus, responsável e cuidadoso de seus alunos, me pediu pra ter cuidado, pois esses “Jovens e Adultos” ainda não tem escrita fluente e totalmente correta. Peço, então, para que os leitores leiam esses escritos como eu, como lemos Joyce, percebendo a construção do texto que está nas entrelinhas. Percebendo o sujeito que segura a caneta e que faz cada voltinha, percebendo o atrito.
Maria.
Se tu clicares em cima da imagem, ela se amplia.





“Na terça-feira passada tive o privilégio de, juntamente com meus colegas de turma, ir ao teatro Renascença assistir ao espetáculo, Penélope Bloom, peça esta que é parte de um romance, um dos mais importantes do século 20. Cheguei ao teatro ansiosa, para ver como nos seria apresentado o monólogo vivido por duas atrizes. Durante o espetáculo, aos poucos percebi que a peça tratava-se de uma esposa à espera de seu marido que havia partido para a guerra, ela faz um balanço de sua vida, recorda e fala com o corpo, que por sinal é quem mais parece falar (seu corpo). Molly Bloom lembra do dia do seu casamento, e o tempo da cena são as primeiras horas do dia seguinte. Parece querer provar que ainda é uma mulher desejável capaz de seduzir muitos homens, ao contrario do que seu marido pensa, uma vez que se envolve com mulheres bem mais jovens. Confesso que para mim a peça foi de difícil entendimento, embora tenha um razoável conhecimento de espanhol, tive dificuldades de entender, não pelo idioma, como falei, mas pela linguagem do texto mesmo, talvez por ser apenas um capítulo de tantos outros do romance. Sai com vontade de ver mais, adorei o “dueto” embora fosse um monólogo, Maria falava basicamente com o corpo achei encantador, enquanto a fala mais expressiva era feita pela Vicky, se fechássemos os olhos teríamos apenas uma atriz no palco, elas de fato eram uma só personagem, Molly Bloom. Chamou-me atenção o cenário, não é preciso mobiliário farto quando se tem um bom texto, não nos detivemos nesse detalhe, pois as personagens nos detiveram a atenção, uma escada, um piano e uma cama, esta basicamente, foi o suficiente para completar o cenário. Não lembro no momento de nada que já tenha visto, relacionado a peça, talvez algum filme de romance mais antigo, como “E o Vento Levou”. Vou procurar obter mais conhecimentos, sobre este clássico da literatura mundial, que é este romance de Ullises. Embora não tenha entendido muito bem a linguagem do texto, achei muito interessante o espetáculo.”