quinta-feira, 28 de junho de 2012

"Tatá Dança Simões" no Theatro São Pedro, com entrada franca


Frequentar o Theatro São Pedro, seja em cena ou como espectador, é exercício de cidadania. Espaço que respeita o artista! Há todo o conforto para o público. Mas o acesso nem sempre é fácil.
No dia 08 de julho, as portas do São Pedro estarão abertas para todo cidadão! Um dos objetivos do Tatá é contribuir com o acesso à arte. Isto também significa acesso aos espaços em que o espetáculo aconteça com excelência, com todas as condições técnicas necessárias. O Theatro São Pedro tem história, faz história, e o desejo do Tatá é que, nesta história, não esteja incluída apenas a elite.
Na ação de abrir as portas do São Pedro, lembrei da música Santos do Morro, de Ana Maria Carvalho:
“meu São João abriu as portas do morro agora
a chave ele pediu para São Pedro
São Benedito fez café pras senhoras
Santo Antônio fez um casamento
E São Gonçalo tocou a viola”

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Tatá Dança Simões no Clube Ficahí pra Ir Dizendo

         A história oficial tem a versão daqueles que detêm os meios para contá-la e divulgá-la. E estes grupos nem sempre estão interessados na pluralidade das vozes que poderiam tecer uma versão da complexidade do que se passou.
Pelotas está comemorando 200 anos e vivendo um momento de reflexão sobre sua história. O grupo Tatá quer contribuir com essa remexida nos fatos significantes que constituem, hoje, esta comunidade.

No processo de criação de Tatá Dança Simões, o grupo, ao investigar as “raízes” de Pelotas, mediado por Simões Lopes Neto, foi parar na senzala. O Tatá conta, então, a sua versão, do que conseguiu reconstituir, no seu modo de reconstituir. Busca resgatar o vazio, a falta de sentido para a vida enfrentada por grande parte da população desta cidade. A este sentimento até então não experimentado, nomearam banzo. Entre outras coisas, o Tatá quer falar do banzo, quer traduzir, nos corpos em cena, a força, a dor e o vazio da palavra escravidão.

O Clube Ficahí é um referencial da cultura negra, em Pelotas, um lugar que atualiza e não ameniza os significados das palavras banzo e escravidão. E é neste espaço que o Tatá Dança Simões no dia 15 de junho.

Na história inspirada em Simões Lopes, já não há como enxergar, vive-se em pleno breu, a esperança de se ter novamente a luz contemplada foi extirpada, pois os olhos foram devorados. Aqui não é o vazio, mas a escuridão e o medo que são retratados.

Mesmo não tendo este objetivo no início de sua montagem, o espetáculo desconstrói o arquétipo do gaúcho para encontrar o ser humano que está por trás dele. Quem é este homem do extremo sul? A cultura e os sujeitos emanam da troca de experiências reunidas no cotidiano pelo nativo, pelo escravizado e o colono.

Com esse intuito, convidamos a todos para assistirem, no dia 15 de Junho, sexta-feira, às 21h, o espetáculo “Tatá Dança Simões”, que será realizado no Clube Ficahí, em comemoração aos duzentos anos de Pelotas, com entrada franca. Aqui teremos a oportunidade de unir um dos grupos referência de Dança-Teatro no RS, com o histórico Clube Ficahí, para contar com o corpo dos atores-bailarinos os grandes textos do maior nome pelotense das Letras, João Simões Lopes Neto.



“Eu, de mim, ignoro quem foi Romualdo. Contados os seus casos na prosa chata que se vai ler, muito perdem do sabor e graça originais; guarde porém o leitor a essência da historieta e repita-a, - por sua vez: recorte-a, enfeite-a com o brilho do gesto e da dicção, acrescente um ponto a cada conto.., e terá presente, imaginoso, criador, inesgotável.., serás tu próprio, leitor, o Romualdo, redivivo...” (Simões Lopes Neto)