Exibições dias 27 e 28 às 19h
Museu do Doce (Praça Coronel Pedro Osório, 8 - Pelotas)
Após a exibição será realizado um debate com a artista do corpo Maria Falkembach, com mediação da Prof. Dra. Marina de Oliveira (UFPel)
Investigações relacionadas à Dramaturgia do Corpo e Produção do corpo-sujeito. Práticas e 'pensamentosdaspráticas', trabalhos de Maria Falkembach.
sábado, 24 de outubro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Texto de Marina Oliveira sobre Destecendo Penélope Bloom
Impressões acerca de Destecendo Penélope
Marina de Oliveira
Ao abrir as
cortinas, o espectador vê a personagem de pé ao lado de uma cama e pode
observá-la numa sequência de ações que vão do móvel ao chão. Movimentos criados
a partir de posturas corporais que remetem às ideias de reflexão, insônia,
insatisfação, tédio etc. Em trajes íntimos do início do século XX, a personagem
feminina de Joyce vai desvelando-se na interpretação de Maria Falkembach. O
autor irlandês descontrói a Penélope mítica que ficou no imaginário coletivo
como símbolo de fidelidade e submissão ao marido. Molly é fiel apenas a ela
mesma e aos seus instintos. Em Destecendo
Penélope, não vemos o fluxo de consciência verborrágico de Molly, nem a sua
delirante premência sexual, presente no último capítulo de Ulisses, mas uma figura feminina pulsante, que respira, dança, fala
e exerce a sua sexualidade de modo espontâneo. A Penélope de Maria/Júlia é mais
comedida ou a de Joyce está mais para ninfomaníaca, uma projeção masculina de sex machine? A resposta vem numa
passagem marcante do espetáculo, em que há uma espécie de distanciamento
brechtiano, quando Maria lê uma carta em que desabafa, fala sobre o que a deixa
furiosa no que tange ao cerceamento da libido advindo, sobretudo, da
padronização/idealização de corpos pouco naturais, enfatizando: “não dá pra
gozar fazendo pose”. A cena em que a atriz-bailarina se apalpa, ressaltando as
porções que poderiam ser vistas como fora do padrão é de grande impacto e fazem
o espectador pensar que a beleza do corpo-pulsante está além do estereótipo do
corpo-produto. Molly diz sim. Maria diz não.
“Não dá pra gozar fazendo pose”. Maria também diz, com o corpo: “Não dá
pra dançar fazendo pose”. A dança, assim como o gozo, vem de dentro, liberdade
sem freios, verdade íntima que subjaz. O corpo, nesse contexto, não é produto
mercadológico vinculado aos referenciais de uma sociedade pautada pela
heteronormatividade, mas ferramenta de expressão fisiológica e artística.
São pontos
altos do espetáculo: a constante organicidade da atriz-bailarina, a cena do
confessionário, os encontros com o sr. Cuffe, a representação da mãe, Marion, o
manuseio do leque, a leitura da carta, a menção ao filho morto, o apalpamento, as
danças do início e do final, com o vestido de noiva. Pontos a serem repensados:
o espetáculo ganharia em potência se tivesse 45/50 minutos e não 1 hora; ele
apresentou, quando vi, dois finais em suspensão, antes do real final. As trocas
de figurinos parecem excessivas, talvez desse para reduzi-las. Me pareceu
demasiada a leitura de três textos distintos no abajur à esquerda do espectador.
Talvez o texto científico sobre a ideia de supressão da maternidade fosse
suficiente. São impressões.
Depois de
reivindicar o direito ao exercício da libido sem deformações midiáticas, de
criticar a visão cientificista patriarcal que despreza a importância da mulher
enquanto mãe e de compartilhar com o espectador cartas em que se diz “o que é
estar vivo hoje?”, Maria diz sim. Sim ao desejo. Sim ao empoderamento da
mulher. Sim à vida. Como espectadora, me sinto em total comunhão com a
abordagem libertária do espetáculo. Me alio à Molly, à Maria e à Julia e também
digo sim. Vida longa ao Destecendo
Penélope!
sábado, 29 de agosto de 2015
Primeiros efeitos do Destecendo Penélope Bloom
Texto do Paulo Gaiger, publicado no Diário Popular - dia 28 de agosto de 2015.
Que meu fogo seja sagrado: três mulheres imprescindíveis em Maria FalkembachVotar na vida, no amor, na arte, no sim e em você, você mesmo que está lendo este artigo, deve ser uma decisão dificílima em tempos de utilitarismos, de intolerância, de banalidade do mal e de egoísmos infantis. Talvez porque tomamos como sagrado tudo que nos afasta dos outros, nos entorpece de medo, ingenuidade ou ignorância. No espetáculo de dança-teatro Destecendo Penélope Bloom, em curta temporada no Teatro do Sest-Senat de Pelotas, a bailarina e atriz Maria Falkembach nos oferece a reflexão contundente através de três mulheres (e as boas e belas transformações humanas só acontecem a partir da mão e do olhar feminino e, por isso, as bancadas evangélicas e da bala querem emudecer as mulheres) que nos desacomodam e indagam: o que estamos fazendo de nossa vida? O que estamos fazendo com os outros, os diferentes da gente? Por que aceitamos dogmas religiosos e preconceitos que nos constrangem, que nos impedem de amar, de viver, de criar, de estar, livremente, com o outro? Penélope, Molly Bloom e Maria tecem e destecem o tecido da ontologia de nossas escolhas, do pensamento sobre o qual não pensamos, das vendas que cobrem nossos olhos, dos machismos que nos contaminam. A literatura como movimento e o corpo feito poesia encarnada, atemporal, o mito grego, a grande obra de Joyce dos começos do século 20 e os nossos dias de Maria. O espetáculo vai tomando conta de nossos sentidos; pouco a pouco, vai cavoucando nossos pilares; delicadamente, vai afrouxando nossas certezas; pela vida boa, vai regando o feminino em cada um de nós. É arte e é carne, por isso, não é fácil, mas é imprescindível. Do quarto ao píer e, no caminho, a desconstrução da caixa preta e da ilusão que nos protege como se não fosse conosco, Maria está inteira e lúcida, segura do que ela, Molly e Penélope são sendo e têm a dizer. Há uma quarta mulher neste espetáculo: Júlia Rodrigues, a diretora que brinda com o delicioso licor de sua mão e olhar. A trilha de Leandro Maia mais uma vez revela o grande compositor que ele é. A iluminação desenhada e operada por Daniel Furtado cria as atmosferas que o corpo/poesia solicita. Destecendo Penélope Bloom é um espetáculo imperdível. Aguardem o DVD. Por outro lado, mostra o acerto do Procultura e exibe para a cidade mais um espaço para as produções locais das artes, o aconchegante teatro do Sest-Senat.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
domingo, 16 de agosto de 2015
Destecendo Penélope Bloom
Depois de bastante tempo ocupando outros papeis da criação cênica, é um prazer retomar aquilo que parece que sei fazer.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Terra de Muitos Chegares: performance como testemunho
Este ensaio busca apresentar
questões que apontam para a potencialidade de criação de experiência e
constituição de subjetividades na apresentação da obra de dança‐teatro Terra de
Muitos Chegares, criação do grupo Tatá – Núcleo de Dança‐Teatro (programa de
extensão da Universidade Federal de Pelotas). Desde uma perspectiva dos estudos
da performance, levanta as questões a partir de depoimentos e perguntas
formuladas por alguns espectadores da obra (em conversas realizadas após
apresentações para escolas, entre o elenco e alunos e professores das escolas).
Para tanto, traz discussões, instigadas por artigos de Rebeca Schneider e Diana
Taylor, sobre o que permanece na performance e sobre a performance como
evidencia da história. A partir de um olhar que convoca a articulação com
diferentes perspectivas, este texto também se apropria das noções de
experiência e de narração de Walter Benjamin e da noção de testemunho de
Joan‐Carles Mèlich para tentar dar conta deste fenômeno e para pensar a
educação, hoje, num momento que parece ávida por experiências e
ética.
Palavras‐chave: Performance,
testemunho, narrativa, experiência
Originalmente publicado nos anais da X ANPED Sul, Florianópolis, 2014
sábado, 25 de abril de 2015
Tatá - o Documentário
Documentário sobre o modo de fazer do grupo Tatá e o processo de criação do espetáculo Tatá Dança Simões. Realizado por alunos integrantes do projeto Boca de Cena.
TATÁ - O DOCUMENTÁRIO
TATÁ - O DOCUMENTÁRIO
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Dossiê Viewpoints da Revista Rascunho
Incluindo o artigo
FALKEMBACH, Maria; KÖNZGEN, Gess. Princípios Pedagógicos Inerentes aos Procedimentos dos Viewpoints: Possíveis contribuições para desenvolvimento de práticas artístico-pedagógicas.
http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/issue/view/1228
FALKEMBACH, Maria; KÖNZGEN, Gess. Princípios Pedagógicos Inerentes aos Procedimentos dos Viewpoints: Possíveis contribuições para desenvolvimento de práticas artístico-pedagógicas.
http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/issue/view/1228
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